Walmir
Monteiro
No
romance “Antes Só” o protagonista sai de casa para
curar sua solidão e encontra na rua pessoas que ele julga felizes, mas ele
continua só. Esse homem amargura-se e mergulha em autocomiseração, sentindo
pena de si mesmo, mas não age no sentido de buscar as pessoas, falar com elas,
construir vínculos e relações; possivelmente espera que cheguem até ele para
tirá-lo da solidão, muito embora nada garanta que o relacionamento com muitas pessoas
torne alguém mais feliz e livre dessa solidão ontológica, inseparável da
condição humana.
A representação de felicidade é estar rodeado de muitas
pessoas, ter com quem sair..., mas tudo isto está no plano do “fenômeno do
ser”, o solitário vê as pessoas e a julga felizes, mas ele não as acompanhou em
momentos anteriores, não as conhece em suas realidades particulares e pessoais.
E o fato é que quase nunca as pessoas são exatamente o que achamos que são.
Esta análise aponta a realidade dessa solidão imanente. Apesar
de ser verdade que jamais nos desprenderemos da nossa solidão, nem por isso
devemos nos afundar nela.
A solidão é nossa companheira, mas não precisa ser a tônica
da nossa vida.
A plena vivência de relações, nos permite oportunidades de comunicação e compartilhamento, mas esse compartilhar é formado inclusive de trocas solitárias com quem queremos bem e a quem escolhemos como parceiros existenciais.
A plena vivência de relações, nos permite oportunidades de comunicação e compartilhamento, mas esse compartilhar é formado inclusive de trocas solitárias com quem queremos bem e a quem escolhemos como parceiros existenciais.
Ser-com é isso: ter com quem dividir angústias e prazeres,
tristezas e alegrias.
E assim nossa solidão dilui-se no processo de vinculação e abertura ao outro e ao mundo. Sem defesas excessivas, sem autocomiseração e sem a ilusão de que a vida tenha qualquer obrigação de fazer-nos felizes. A solidão compartilhada não pode ser uma afecção de dor, já que é apenas uma partícula de um sem-número de sentimentos e emoções que vão e vem, nesse percurso existencial.
E assim nossa solidão dilui-se no processo de vinculação e abertura ao outro e ao mundo. Sem defesas excessivas, sem autocomiseração e sem a ilusão de que a vida tenha qualquer obrigação de fazer-nos felizes. A solidão compartilhada não pode ser uma afecção de dor, já que é apenas uma partícula de um sem-número de sentimentos e emoções que vão e vem, nesse percurso existencial.
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