"Então não se
perguntará qual o sentido de um acontecimento: o acontecimento é o próprio sentido. O
acontecimento pertence essencialmente à linguagem, mantém uma relação
essencial com a linguagem; mas a linguagem é o que se diz das
coisas."
"Em todo acontecimento, há de fato o momento presente da efetuação, aquele em que o acontecimento se encarna em um estado de coisas, um indivíduo, uma pessoa, aquele que é designado quando se diz: pronto, chegou a hora; e o futuro e o passado do acontecimento só são julgados em função desse presente definitivo, do ponto de vista daquele que o encarna. Mas há, por outro lado, o futuro e o passado do acontecimento tomado em si mesmo, que esquiva todo presente porque está livre das limitações de um estado de coisas, sendo impessoal e pré-individual, neutro, nem
geral nem particular, eventum tantum...; ou antes que não tem outro presente
senão o do instante móvel que o representa, sempre desdobrado em
passado-futuro, formando o que convém chamar de contra-efetuação. Em um dos casos,
é minha vida que me parece frágil demais para mim, que escapa num ponto tornado
presente numa relação determinável comigo. No outro caso, sou eu que sou fraco
demais para a vida, a vida é grande demais para mim, lançando por toda a parte
suas singularidades, sem relação comigo nem com um momento determinável como
presente, salvo com o instante impessoal que se desdobra em ainda-futuro e
já-passado."
ZOURABICHVILI, F. - O Vocabulário de Deleuze, Traduçao André Telles. Rio de Janeiro 2004, p. 06.
ZOURABICHVILI, F. - O Vocabulário de Deleuze, Traduçao André Telles. Rio de Janeiro 2004, p. 06.
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