(resumo do
texto de André Barata)
A psicanálise substitui a
noção de má fé pela ideia de uma mentira sem mentiroso, ela permite compreender
como posso não mentir-me mas ser mentido, visto que me coloca
relativamente a mim mesmo na situação de outrem perante mim; ela substitui a
dualidade do enganador e do enganado, condição essencial da mentira, pela do
«id» e do «ego»; ela introduz na minha subjetividade mais profunda a estrutura
intersubjetiva do mit-sein
(ser-com). Poderemos satisfazer-nos com tais explicações?
Para Sartre não. Tais
explicações satisfariam somente se fosse possível censurar algo sem que
houvesse, primeiramente, consciência do objeto da censura, do censurado propriamente
dito, e isto é recusado por Sartre - a verdade é que, para o existencialista,
só há censura enquanto consciência de censura, uma vez que a censura é
necessariamente intencional; e, consequentemente, só pode haver censura disto
ou daquilo na precisa medida em que haja consciência do censurado.
Sendo assim, a existência de
um Inconsciente por trás da consciência não só seria inaceitável de ponto de
vista da posição de uma consciência como significaria tão somente um ato de má
fé pelo qual a consciência se observa a subtrair-se o seu próprio ser.
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