O contato do homem com substâncias inebriantes ou entorpecedoras, tendo como alguns de seus efeitos as sensações de euforia e bem-estar, é um hábito tão antigo como a própria humanidade e remonta à história das civilizações, dos povos antigos, passando pela antiguidade clássica até o desenvolvimento da civilização judaico-cristã ocidental.
Podem ser observadas citações do uso da droga muitas vezes ligado a padrões culturais de comportamento que incluem aspectos também religiosos.
Com o passar dos tempos foi ganhando conotações diversificadas como de um simples elemento caracterizador de uma determinada cultura até representar uma questão que afeta todo o espectro de uma sociedade como nos dias de hoje. Envolve questões sociais, culturais, éticas, legais e até mesmo econômicas.
Consequentemente, os problemas relacionados às drogas e aos seus usuários tornaram-se a cada dia, mais complexos, necessitando, por parte dos profissionais implicados, grande empenho no estudo da compreensão desse distúrbio.
São várias as versões que procuram elucidar a questão da dependência, Sem dúvida, todas objetivando o mesmo fim que é
diminuir o sofrimento do homem que não conseguiu livrar-se da dependência.
A concepção biomédica acredita que o distúrbio psíquico é puramente orgânico. As teorias psicológicas enfatizam a influência do psíquico. A psicanálise explica este fenômeno a partir da estrutura do inconsciente do indivíduo. A abordagem comportamental destaca o papel dos acontecimentos do ambiente, como determinadores da conduta humana. Na abordagem fenomenológico-existencial, a dependência química constitui-se numa possibilidade de escolha dentre as possíveis disponíveis no mundo.
É partindo dessa premissa que a psicoterapia Fenomenológico-Existencial desenvolve seu trabalho. Valoriza o ser como pluridimensional, livre e aberto às suas possibilidades, podendo escolher cuidar de si criando a sua vida e se responsabilizando por seu projeto. E para isso é necessário que se desaliene, tomando consciência de si, de seus limites e possibilidades e de sua liberdade de escolher com responsabilidade.
Sendo assim, as vestes, as máscaras, os estereótipos, os laudos, os atributos, não são considerados pelo terapeuta quando este indivíduo entra em seu consultório, não importa seu sobrenome.
Tal conduta não inviabiliza a utilização de recursos e métodos, e, norteado na Psicopatologia Fenomenológica, serão apresentadas algumas vivências do dependente químico que podem ser comparadas à vivência maníaca.
A vivência do tempo, para estes indivíduos, em muito se assemelha, daí sua dificuldade de lidar com a idéia de futuro, pois apenas existe a vivência do presente, e a tentativa voraz de eternizá-lo. O passado, portanto, não serve como orientador das experiências. Consequentemente, tais indivíduos poderão se sentir incapazes de fazer projetos.
São capazes de colocar-se em situações de grande risco em busca de algo que os satisfaça, os obstáculos não são percebidos, nada é impossível. Vivenciam a crença de que não existe limite para sua ação.
Evitam entrar em contato com sua própria intimidade, vivendo afastados de si mesmos. Sendo assim, não apresentam interesses ou motivação para desempenhar alguma tarefa por um tempo considerável. Muitas vezes seu interesse é excessivo por um número excessivo de coisas, mas permanecendo na superficialidade, não se aprofundando em nada.
Nas relações, o mesmo pode ocorrer, mostrando-se a princípio disponível ao contato e vinculando-se facilmente, porém este vínculo é frágil e logo é desfeito.
Diante das contingências da vida, acaba fadado ao fracasso, pois seus objetivos não são alcançados, daí, a grande e desmedida dificuldade de lidar com a frustração e a angústia, mas sua vivência é uma perene tentativa compulsiva de negá-las.
Pode parecer na verdade que o dependente químico vive uma verdadeira guerra interna, onde vez por outra, batalhas são perdidas - recaída. Quando se escolhe catar os cacos e retomar a briga, uma batalha foi vencida. Mas às vezes, algumas batalhas tornam-se verdadeiramente cruciais para a sobrevivência.
Um comentário:
Vou usar no meu relatório!
hahahaha
beeijo
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