(Breve reflexão diante de propostas da Clínica do Lebenswelt de Tatossian e Moreira)
Walmir Monteiro
Walmir Monteiro
Não é que não exista o inconsciente. O que não se concebe no Lebenswelt é qualquer cisão entre consciente e inconsciente, nem entre individual e social ou interior e exterior. Na proposta monista fenomenológica tudo é simultâneo e se entrelaça no quiasma, entre o universal e o singular, numa constante relação de implicação. Para bem dizer, os processos inconscientes de modo algum se desprendem dos processos conscientes, e para um dito ainda melhor, consideramos que ambos processos se fundem de tal modo que não se torna possível identificá-los. Somos, portanto, consciência e inconsciência em uma só tomada, fusionados sob qualquer visão, prisma ou perspectiva.
Sartre afirmou que tudo que está na mente é consciente, e rejeitou de modo enfático a ideia de causas inconscientes, atribuindo má-fé a esta concepção freudiana. Ele rompeu com a psicanálise por esta retirar a responsabilidade do indivíduo ao invocar a ação de estados mentais inconscientes, que para ele não existem e defende que a consciência é necessariamente transparente para si mesma, com todos os aspectos da nossa vida mental sendo intencionais, escolhidos, e de nossa responsabilidade, coisa incompatível com o determinismo psíquico de Freud.
Já Merleau-Ponty propõe a noção de “fala autêntica” enquanto expressão do inconsciente em psicoterapia, criando o seu próprio conceito de inconsciente. O conceito gestaltista de figura e fundo e a metáfora onda/mar são úteis à compreensão da noção de inconsciente em Ponty, assim como as reflexões do ator em torno de “O visível e o invisível” quando diz que o invisível não é contraditório do visível que possui algo de invisível, sendo o visível prenhe do invisível. Para Merleau-Ponty o inconsciente funciona como pivô existencial. Ele é e não é percebido. O inconsciente para ele não se opõe à consciência, mas se impõe na percepção, no quiasma da experiência sensível de interseção corpo-mundo, e é compreendido como a atmosfera que entrelaça o corpo e o mundo; jamais como estrutura linguística, mas como articulação visível-invisível – processo de percepção.
Como exemplo de processo inconsciente, em seus termos e conceitos, Merleau-Ponty aponta a “fala autêntica” em psicoterapia, que é a fala de quem não pensou antes naquilo que irá falar. (Amatuzzi, 1989). Também a fala do psicoterapeuta será autêntica se significa a formulação de sua reação total e integral à fala do paciente. A fala autêntica para Merleau-Ponty é a fala original que jamais havia sido formulada anteriormente, não sendo representação consciente de alguma coisa, mas uma percepção que faz parte da experiência sensível.
Sartre afirmou que tudo que está na mente é consciente, e rejeitou de modo enfático a ideia de causas inconscientes, atribuindo má-fé a esta concepção freudiana. Ele rompeu com a psicanálise por esta retirar a responsabilidade do indivíduo ao invocar a ação de estados mentais inconscientes, que para ele não existem e defende que a consciência é necessariamente transparente para si mesma, com todos os aspectos da nossa vida mental sendo intencionais, escolhidos, e de nossa responsabilidade, coisa incompatível com o determinismo psíquico de Freud.
Já Merleau-Ponty propõe a noção de “fala autêntica” enquanto expressão do inconsciente em psicoterapia, criando o seu próprio conceito de inconsciente. O conceito gestaltista de figura e fundo e a metáfora onda/mar são úteis à compreensão da noção de inconsciente em Ponty, assim como as reflexões do ator em torno de “O visível e o invisível” quando diz que o invisível não é contraditório do visível que possui algo de invisível, sendo o visível prenhe do invisível. Para Merleau-Ponty o inconsciente funciona como pivô existencial. Ele é e não é percebido. O inconsciente para ele não se opõe à consciência, mas se impõe na percepção, no quiasma da experiência sensível de interseção corpo-mundo, e é compreendido como a atmosfera que entrelaça o corpo e o mundo; jamais como estrutura linguística, mas como articulação visível-invisível – processo de percepção.
Como exemplo de processo inconsciente, em seus termos e conceitos, Merleau-Ponty aponta a “fala autêntica” em psicoterapia, que é a fala de quem não pensou antes naquilo que irá falar. (Amatuzzi, 1989). Também a fala do psicoterapeuta será autêntica se significa a formulação de sua reação total e integral à fala do paciente. A fala autêntica para Merleau-Ponty é a fala original que jamais havia sido formulada anteriormente, não sendo representação consciente de alguma coisa, mas uma percepção que faz parte da experiência sensível.
Ver:
Clínica do Lebenswelt – psicoterapia e psicopatologia fenomenológica.
Tatossiane Moreira. Ed. Escuta
Clínica do Lebenswelt – psicoterapia e psicopatologia fenomenológica.
Tatossiane Moreira. Ed. Escuta